quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pobre NICK!

Olhando rapidamente você pode acabar se confundindo...

Beleza, e charme, roupas escuras, elegante e pose de conquistador...
Sem mencionar a cara de boêmio que no mínimo se expressa solitário, macabro em mundos criados em riffs e composições regadas de álcool.

Entre tantos “Nicks” geniais, demorei muito para citar aqui no blog este fantástico compositor e cantor. Isso para quem admira um “dark cabaret” e gosta de melancolia. Pois de fato nem todas as musicas são feitas para você compartilhar com o amor da sua vida, ao menos que tenha levado um pé na bunda.

Nick Drake (Nicholas Rodney Drake) era considerado charmoso e elegante; fazia sucesso entre as mulheres.Porém, era muito calado e introspectivo, não tinha muitos amigos e ninguém sabia nunca o que realmente se passava em sua cabeça.

Infelizmente Nick não fez grande sucesso, na verdade a vendas dos seus discos o fez muito mais depressivo. A ponto de pirar, e realmente ter que tomar
tryptizol, seu remédio de cabeceira, que o aliviou da vida e de seus medos apos um suicídio na noite de 24 de novembro 1974 ao som de Bach.

“Eu não sinto nenhuma emoção sobre nada.Eu não quero rir nem chorar.Estou dormente; morto por dentro.”


Quem nunca se sentiu assim que atire a primeira pedra, pois estou indo pesquisar sobre Tryptizol...
Ouvindo Nick Drake...Claro!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Voltando

Depois do café, depois do cigarro, depois de pensar...
houve o silêncio.

Silêncio que foi quebrado por contos, poesias, versos, que não escrevi.

Silêncio que desfigurou meu rosto, corrompeu minha alma, inundou meus olhos.
Sim!, sim! me encheu de drama, como se Eu não fosse dramática o suficiente.

E desejei matar, desejei ser assassina, ir ao berço e sufocar o futuro de todos eles:


Carlos Drummond de Andrade
Álvares de azevedo
Machado de Assis
Clarisse Lispector
Caio Fernando Abreu
Florbela Espanca
Augusto dos anjos
Vinicius de Moraes
Pablo Neruda

Quis matar Chico Buarque, Nick Cave... Entre tantos...

Se pudesse faria uma hecatombe de todos os poetas e escritores, não porque os invejo ou por não saber escrever, mas somente pelo fato de terem me esculpido de uma forma tão vulnerável e muitas vezes depressiva, quase sempre sonhadora, não de ter sonhos, mas sim utopias... ou por hoje ser um dia cinzento...


Blá, Blá, Blá... desliguei o rádio e fui dormir...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Resenha "O Cheirodo Ralo"

Bem galera, aqui vai uma resenha que fiz para minha aula de Edição II, acho que esse é o nome da matéria pois nunca sei os nomes das matérias da PUC-SP, por exemplo esse aula nós chamamos de literatura, já que basicamente só lidamos com discussões e aulas sobre autores e movimentos literários.
Enjoy It ^^.





A Bunda, o ralo e o dono do ralo

Essa não é uma resenha comum não, e você sabe o porquê? É que ela tem história... Todos acreditam que por atribuir valores sentimentais aos objetos inanimados seu preço será elevado, mas não para Lourenço, dono e balconista da loja de compra e venda de produtos usados de um decadente cenário metropolitano.

O autor Lourenço Mutarelli, nascido em São Paulo em 18 de abril de 1964, que cursou a Faculdade de Belas Artes porque queria pintar quadros, mas que também,como ele mesmo diz, sentia necessidade de pintar palavras levou apenas cinco dias para escrever as 140 páginas do perturbador livro O Cheiro do Ralo.

O livro narra a história do anti-herói Lourenço e seu entediante dia-a-dia na loja de compra e venda de artigos usados da qual é proprietário, mas sua vida muda quando o putrefato cheiro do ralo do pequeno banheiro entupido de seu escritório começa a tomar conta do ambiente. O protagonista começa então a travar uma luta simbólica contra o fedorento ralo, e isso muda sua vida.

Ríspida e até cruelmente a personagem inicia seus jogos com os mais diversos e característicos clientes desesperados que freqüentam o estabelecimento, travando com eles contundentes diálogos em que um quer vender e o outro nem sempre quer comprar, exceto quando o artigo oferecido é uma parte de seu pai, onde o que realmente importa é a satisfação final do anti-herói em ser aquele quem dita as regras.

É imprescindível citar a relação do mesquinho Lourenço que logo no início da trama se vê fissurado quase que psicoticamente pelo maior objeto de desejo nacional, uma bunda. Mas para a personagem essa não é somente mais uma bunda de garçonete de uma lanchonete de terceira categoria na qual tudo que se come faz mal, essa é A Bunda, e seu abissal desejo por ela o leva a entrar em um ciclo vicioso no qual estão presentes ele próprio, a Bunda e o fedorento cheiro do ralo que cresce na medida em que mais Lourenço visita a Bunda, já que para isso ele precisa ir à lanchonete comer as porcarias que lá são servidas.

Além da Bunda e do cheiro do ralo, Lourenço tem pelo menos mais uma obsessão. Durante o decorrer da trama o protagonista que não conheceu o próprio pai começa uma jornada para tentar montar seu progenitor comprando-o aos poucos, peça por peça, membro por membro, olho por olho e, utilizando o nome da personagem clássica de Mary Shelley, dá o nome de “meu pai Frankenstein” àquilo que simboliza o passado fragmentado e cheio de lacunas de sua personalidade.

Para completar o cenário ainda estão presentes inúmeros tipos diferentes de personagens, como por exemplo sua ex-noiva, a qual já havia até enviado os convites do casamento à gráfica, uma dependente química que tem papel fundamental na trama, um fantasma de mulher que assombra sua casa, a empregada doméstica que há anos trabalha para ele mas que Lourenço nunca foi capaz de decorar o nome e até mesmo uma intrigante figura que tem como realização de prazer o estranho hábito de rasgar dinheiro.

De certa forma Mutarelli personifica em seus heróis e personagens retratos da sociedade contemporânea: o trágico e burlesco, movido a decepções, fracassos e muita insegurança de um mundo ficcional totalmente desprovido de concepções ético-morais, o que possibilita ao leitor a cada nova leitura do romance descobrir novas particularidades dos heróis e novos ângulos de percepção da trama e do mesmo modo que o protagonista acaba por se habituar e, algumas vezes, até gostar do fedorento cheiro do ralo, os leitores acabam por gostar do protagonista e dos outros personagens, mesmo sendo eles mesquinhos, egoístas e manipuladores.

Sem dúvida Lourenço Mutarelli conseguiu colocar em suas personagens a mais crua e terrível essência humana, e talvez seja por causa disso que esses miseráveis retratos da sociedade se tornem tão simpáticos e próximos de nós, chegando a nos chocar no final dessa obra prima da literatura contemporânea.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

.L Word.


Para quem gosta de um bom Electro Punk / Metal / Jam Band não pode deixar de ouvir as meninas do Lesbian on Ecstasy, com suas batidas eletrizantes, alucinantes que faz qualquer machão ou garotinha fresca se jogar na pista.

Com influencias de Le tigre, Peaches, Daft Punk, Babies in Toyland, Anne Clark, (PASMEM!) Judas priest, Slayer entre tantas outros ícones que fizeram a diferença com seus instrumentos as 04 meninas invocam “o mundo” divertido, sexy, curioso, amoroso das Lésbicas criando folkmusics, relembrando grandes ícones femininos, a quebra do preconceito, o orgulho. Fazem som! O Som, sem cenários fetichistas ou cheio de glamour exibicionista.





Confira:

Bernie tocando violentamente o seu Ensonique
Veronique com seu monstruoso Baixo, manda bem que só ela!!!
Jackie e sua bateria electronica que requer oito braços para ser tocada,
Fruity Frankie (aka Lynne T) no vocal, que de doce e feminino não tem nada, se procuram delicadeza, vão escutar Emilie Simon!

As meninas do Lesbian on the ecstasy são rebeldes com causa, provocantes, “ignorantes” de forte impacto...

TOP 3 Lezziesonx

Is the is the Way ?

[http://www.youtube.com/watch?v=eQ8KJSi_OCw]

( musica criada para o seriado L Word )

The Cold Touch Of Leather ( O experimento com batucadas brasucas esta evidente na musica, muito boa )

Sedition ( Para ir até o chão e se acabar !!! hétero =====> Join in the night).

Para quem quiser conferir:

http://www.myspace.com/lezziesonx

Até mais beijões para todos!


terça-feira, 18 de setembro de 2007

Me Jane




Sabe...

Um dia eu sonhei que o mundo terminaria no nosso jardim
Que simplesmente nossos sorrisos se encontrariam nas flores amarelas dos ipês outonais
Flores que duram uma semana, já reparou como os ipês desfolham rápido?

Como enfeitam a calçada? Que os sabiás se animam com os brotos das folhas, dançam e cantam de alegria?

Será que mais alguém no mundo repara essas coisas?

É por isso que te comprei um cocar, para brincarmos de ser gente e gostar dos bichos, me Jane e você Tarzan...

Ah! Também pensei em te comprar um filho, para você levar ao parque, para ele te ensinar a ser pai, para te mostrar como é doce um beijo, como é bom soltar pipa, como é gostoso ensinar as cores, os gostos, os perigos, a saudade, o medo o amor, e os dois voltarem cansados para mim.
Cansados de felicidade e não da vida.

Mas que tolice a minha, filho a gente faz, não inventa, às vezes só sonha e tem medo.

É como o amor, que quando menos se espera acontece, ta ali, fazendo sonhos, criando quintais, quartos, lençóis brancos, café da manhã, passagens de ida sem volta... ( às vezes fingem que vão, mais voltam como se nunca tivessem partido)...

Esses sonhos, que às vezes são fantasias nuas que não tem como vestir, são esses que causam medo. E por causa disso fugimos para algum lugar, aonde os ipês não florescem nunca, nem os sabiás cantam, os filhos não nascem, e a gente não se cansa por estar feliz, mas por que fazemos da vida uma tremenda chatice.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007





"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

(Ruy Barbosa)

Vou comprar uma camiseta, Cansei, cansamos, basta, chega, brasil é a puta que pariu, sou Brasileira e estou desistindo quase sempre, as mães dos politicos pagam o aluguel com o cu, uma mulher só comete esses três erros uma unica vez na vida:

Usar calça branca quando esta de Chico.
Permitir que um homem mecha no seu diário.
Votar no PT.

Não, não estou indignada!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Fruto do Futuro - O cordel, a semente e os peixes.

O Fruto do Futuro:
I - O Primeiro
II - O cordel, a semente e os peixes.


- Venha, chega mais. É só um real o cordel. É barato e é bonito.

Mal tinha amanhecido, andava com a cabeça ainda às voltas e o grito do vendedor chamou minha atenção.
Era uma daquelas feiras de artesanato do nordeste. Uma banca de pano azul trazia muitos aquarios pequeninos com diversos peixes de todos os tipo e cores e pendurados na barraca vários cordéis.
Senti o formigamento. Era a mesma sensação da conversa da noite anterior.
Fui até à barraca. Percebi que as pesoas só perguntavam dos peixes, apesar dele estar anunciando o cordel.


- Bom dia meu rapaz. É bom saber que mais um veio pegar o cordel.

- Bom dia. Qual o seu nome?

- Sou Severino ou Raimundo, Cícero ou Genivaldo, sou paraíba e bahiano, cabeça chata e desgraçado. Sou migrante e invasor, refugiado e trabalhador. Já fui da roça e hoje sou camelô. Devoto de Nossa Senhora e do Nosso Senhor. Ela me vale e Ele me tem amor.

Na cabeça trazia o chapéu imortalizado nas figuras dos cangaceiros e de Luiz de Gonzaga. Os traços do rosto traziam as arguras da vida, mas o sorriso trazia a alegria de quem sobrevive apesar de tudo.

- Então o senhor também já viu. Falaste com o primeiro? Ele lhe deu a semente?

- Sim, falei com ele. Estranho... eu não tinha planos de vir aqui. Na verdade nem sei porque vim.

- Mas veio, e isso é o importante - estar sempre no caminho certo. Tu sabe que não tem porque se avexá nem se aperreá. A partir de hoje não é o senhor que escolhe o caminho e sim o caminho que escolhe o senhor.

Estendendo a mão me entregou um cordel. Um peixe azul. Dentro um pequeno texto parecia uma instrução.

"Na terra vermelha ela não nasce
Só na roxa pode brotar
Água ele dispensa
Mas a luz não pode faltar
Plantado no sol ele deve
Pra na lua germinar
O fruto temporão não tarda
Só não vá dele fartar
Qualquer pode comer
mas só você ele vai iluminar."

Como por instinto aperto a semente no meu bolso.

- Isso mesmo bichinho. Tu precisa de terra roxa. O caminho pra ela se mostrará. Até o fruto é tudo estranho, mas tranqüilo. Depois que as coisas tomam forma fica perigoso. Se cuida rapaz! E esse cordel é brinde.

O dia me brindou com os seus primeiros raios. Uma borboleta pousou na minha mão e sumiu.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Sobre um chão de cola

Se por acaso tiveres uma camisa de força...
Vista-me!
Ouse tirar minha insanidade a qual já não agüento
Minha falta de bom senso que não suporto

Caso carregues uma algema...
Prenda-me!
No pé da cama, no banheiro, sem fantasias...
Prenda meus pensamentos, faça-me voltar a terra!

Não preciso explicar porque vivo dispersa
Entenda que as vezes cansa ser como você
Trabalhar por dinheiro, esquecer da vida.

Eu geralmente me esqueço do trabalho
Por que o trabalho não é a minha vida
Dinheiro é necessário, mas não corre em minhas veias.
(Esses homens robôs conectados, essa geração avançada...)

Ou apenas corte minha língua, tire minhas vontades
Meus sonhos, minhas ilusões, meus pensamentos
Minha revolta.

Me tranque num quartinho pequeno
Sem comida, sem água, sem você.


(Aaaaaaaah estou cansadaaaaaaa!!!)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Vida abstrata


Nem sempre estou só
Estou rodeado de pessoas
Pessoas nada além de pessoas
Queria eu ter o poder de julgar
O certo e o errado, o bom e o ruim

Sinto um grande vazio
Um vácuo em minha alma
Onde nada vive
Nada nasce... nem morre
Apenas o nada toma conta

Felicidade, algo que todos
De uma forma ou de outra
Vêm buscando, uma obsessão
Na qual quanto mais você a procura
Mais infeliz você à de ficar

Será que eu cansei?
Cansei de procurar a reposta
A resposta cuja á pergunta
Seria a resposta em si
Na verdade eu cansei

Não agüento mais esperar
Esperar por algo que
Eu sei que nunca chegará
Algo q eu não sei se existe
Ou se um dia existirá

Sinto uma angustia quando
Penso em meu sonho
Que pode até parecer engraçado
Mas meu maior sonho
É um dia poder sonhar

Do que adianta sonhar?
Mais há uma pergunta
Mais importante a indagar
Do que adianta não sonhar?
Se apenas sonhando, a resposta chegará

O mais sábio não é
Aquele q tem a melhor resposta
E sim aquele q possui a melhor pergunta
E minha maior questão é:
O que eu devo questionar?

























Rubens Canestraro Junior
Um grande amigo meu, te desejo tudo de bom irmão.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Livrar


Já disse para não invadir meu banheiro.
Para sair do meu quarto.

Não entrar na minha cozinha.
Não permanecer na sala,
de aparecer nas musicas,
de dançar nos meus sonhos.

Não quero que me observe no banho,
No café da manhã ou quando me deito.

Chega de manipular os meus lábios
Fazendo-me balbuciar o teu nome,
De apunhalar-me com lembranças
Trazendo a tona minhas lagrimas e com elas
Minhas frustrações.

Pare de me acender o cigarro
No qual procuro conforto e não ansiedade.

Não tente se esconder no fundo d meu copo de cerveja
Não quero ver, nem sentir tua melancolia ou piedade.

Não me encontre na balada para dizer que estou só
Ou que ninguém me quer ou se quer me entendem.

Não se transforme no pó da minha maquiagem
Fazendo-me fantasiar de Elvira a rainha das trevas.
Tire o preto triste do meu guarda-roupa
E deixe apenas as peças que valorizem minha personalidade
Não o meu corpo.

Leve embora com você todos os poemas que te fiz.
Poemas que invocam tua presença.

Quero-te bem longe, infinitamente distante!
Sei que és persistente, sei que me seguirás.
Mas Morte! Aceite tudo tem seu tempo.

E hoje eu não te quero mais.
Passar bem, bem longe de mim.
Obrigado.

Ainda jovem, viva, e amando muito...
Sua antiga admiradora Lovely Leah....
Kissus.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

1 Mês

Quero agradecer aos leitores do PUYM pela paciência e aos colaboradores pelo esforço. Vou deixar um belo resumo do que foi o primeiro mês do PUYM!

Visualizações (Contadas a partir de 06/08): 508
Média de Visualizações por Dia: 19,5
Pico de Visualizações num Dia: 44 (14/08)
Postagens: 41 (incluindo esta)
Média de Postagens por Dia: 1,3
Contos: 13
Crônicas: 12
Poesias: 10
Editoriais: 6
Colaboradores Ativos: 5

Novamente obrigado a todos!

Se... até quando?



Se tua boca fosse morada minha
Receptiva e calorosa
Arderiam os beijos
Queimaríamos a alma

Como se fosse pecado amar
A paixão abominada pelas leis divinas
E o desejo só ao mal pertencesse

Teus braços seriam refugio
Abrigo do medo, da ansiedade
Abraços de felicidade e entrega
Uma queda em um mundo desconhecido

Como se a terra não existisse sob meus pés;
O horizonte fosse a marca do teu sorriso
E o infinito a cor dos teus olhos

Se não fosse tão lânguida a tua atenção
E teu coração tão distante, poderia sentir
Meu corpo chamando pelo seu, meu coração
Batendo no ritmo certo para te conquistar

Mas como nunca deveria ser, entendemos tudo errado
O seu medo de entrega causa conflito em meu corpo
Descompassando meu coração para uma canção triste e solitária.
(imagem do filme "minha vida sem mim" 2003)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O Fruto do Futuro - O primeiro

O Fruto do Futuro:
I - O Primeiro
II - O cordel, a semente e os peixes.

Todos conheciam ele como Zé Moeda. Passava o dia pelas ruas jogando moedas no chão, como que pra advinhar o que estava por vir.
Não bebia como a maior parte de seus comapnheiros e era um mistério como ele nunca se alimentava.
Era um tipo tranqüilo e, não fossem as suas excentricidades, os outros até arriscariam dizer que gostavam dele. Para ganhar alguns trocos (ou quem sabe por prazer próprio) tocava uma flauta doce. Os cães da rua apreciavam a sua companhia, e estava sempre cercado por eles.
Ele também carregava uma mala cheia de livros, e entquanto os outros dormiam ele lia.
Muitos se tornaram confidentes, pedindo conselhos ou somente desabafando sobre as injúrias da vida. Ele em pouco tempo se tornou uma espécie de padre dos excluídos.
Ele também, apesar dos andrajos, andava limpo, com unhas aparadas e cabelos e barba compridos, mas alinhados.
Vagava pelas praças e albergues, ouvia histórias, ajudava as pessoas e apartava brigas.
Era uma figura que expirava paz no meio de um lugar esquecido pelo mundo. "Vai passar" ele costumava dizer para as crianças.
Há muito eu o procurava pelas ruas. Mas no fim das contas foi ele que me encontrou.

Estava certa vez, tarde da noite voltando pra casa quando ouvi alguém chamar o meu nome e me virei.
Lá estava ele como haviam me descrito. De pronto me perguntou:

- Por que você me procura?

- Ouvi dizer que você tem a resposta para o meu problema.

- E qual o seu problema?

- Sou infeliz. Estudei, ganhei dinheiro, conheci pessoas e fiz amigos a minha vida toda. Mas a luz me veio na semana passada, como alguém que pula o muro, e tudo deixou de fazer sentido.

- Então você descobriu?

- Sim. Vi a verdade, e ela me deixou confuso.

- É realmente assustador quando você percebe que esteve tudo sempre muito claro debaixo do nariz.

- Eu não sei o que fazer - eu sinto que posso fazer tudo. Sinto que posso mudar o mundo, como se uma grande missão me tivesse sido dada, mas não sei por onde começar...

- E nós podemos. Você agora é um dos chamados, assim como eu.

- Como assim?

- Eu sou o primeiro. Você é o décimo. Estamos nos espalhando. Quem diria que tudo começaria com um mendigo...

- Eu jamais imaginei...

- Mas é desse tipo de paradoxos que a vida é feita. As pessoas não tem mais tempo. Nós não, nós temos todo tempo que queremos. Não somos escravos de nada. Às vezes penso que é por isso que fui escolhido como primeiro.

- Virão outros?

- Sim, eu sinto que virão, mas precisamos continuar plantando as sementes. - Ele me deu um sorriso e colocou algo na minha mão. Sorrindo completou - esse é o começo de um novo mundo. Há muita gente contra isso. Mas temos que tentar.

Abri a mão e vi uma semente muito pequena. Nela estava escrito futuro. Procurei por ele, mas já tinha desaparecido.

Mais Malfadas Para o mundo doente....


Mafalda 1964 - 1973 ( por Quino)

Definitivamente um cartoon para todas a idades, cheio de criticas, e senso de humor, um tanto que negro.

Resolvi tirá-la do baú, para não ser esquecermos as tantas vezes que fomos Mafalda (ou outros personagens do cartunista Quino) , com seu jeito idealista, buscando o melhor para o mundo refletindo sobre o amanhã, sobre o hoje, sobre o ontem.

Procura sempre entender o que é filosofia, para que serve a política. Garota curiosa, nada atraente fisicamente, que sofre em ver o mundo doente.

Que tem amigos como:
(entre as decrições frases dos personagens)

Manolito: garoto interesseiro, preocupado apenas com o dinheiro, e negócios.
(conversa entre Mafalda e Filipe)

"É ingenuidade pretender que as pessoas apreciem mais a cultura do que o dinheiro?"

"Não seria maravilhoso o mundo se as bibliotecas fossem mais importantes do que os bancos?"

Daí chega o Manolito e diz: "NÃO, SEU COMUNISTA!!"

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Filipe: Um sonhador que odeia a escola, mas que freqüentemente trava intensas batalhas com sua consciência e seu senso nato da responsabilidade. Foi inspirado pelo jornalista Jorge Timossi amigo de Quino.

"A preguiça é a mãe de todos os vícios, mas uma mãe é uma mãe e é preciso respeitá-la"


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Miguel "Miguelito" Pitti: Amigo de Mafalda, um pouco mais jovem do que os outros. Filho único, com um personalidade única, mas com um coração enorme.
"mas por que temos que gastar a vida que ganhamos trabalhando para ganhar a vida??
Mafalda passeia pela calçada, quando vê Miguelito sentado.

- O que faz aí sentado, Miguelito?

- Estou esperando algo da vida.

- Não entendo, Miguelito. O que quer dizer isso de ficar aí sentado esperando algo da vida?

- Isso mesmo: que vou ficar aqui sentado, esperando que a vida me dê algo.

Mafalda fica olhando pro Miguelito e sai andando.

- E não será que o mundo está cheio de Miguelitos e por isso está como está?

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Liberdade: Uma minúscula menina. Todos fazem o comentário óbvio sobre seu tamanho. Gosta das coisas simples da vida.

- pai da mafalda: vc gosta de plantas liberdade (olhando para o vaso na sala)

- liberdade: - em vaso nao. gosto das plantas na terra mesmo.

- claro. mas isso é impossivel. eu moro em apartamento.

- o senhor me perguntou se eu gosto de plantas. não se eu gosto da vida que leva.

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Guille "Gui":O irmão caçula da Mafalda, esperto para sua idade, é retratado como uma criança que começa a perceber o mundo.

ele está olhando pela janela quando o pai chega:

Guile:- E o sol?

Pai:- Hoje está nublado, Guile, não tem sol.

Aí ele vai até o pai, puxa a barra da calça dele:

Guile:- Papai, vai buscá, vai?

Pai(pegando ele no colo):- Ora, filhinho, é impossível! Como eu vou trazer o sol?

Guile(olhando com a cara de desolado):

- Ah, você não pode?

Pai:- Não

Guile (com tristeza, e empurrando a cara do pai):

- Me põe no chão, moço po favô?
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Susanita: Uma menina fútil. Seu único objetivo na vida é encontrar um marido rico e de boa aparência quando crescer e ter uma quantidade de filhos acima da média. É uma grande fofoqueira, e sempre encontra um jeito de falar sobre o vizinho do irmão da cunhada de alguém.

Mafalda: Fico arrasada quando vejo gente pobre.

Susanita: Eu também.

Mafalda: Deveríamos dar teto, proteção e bem estar aos pobres.

Susanita: Tanto???? Por que???? Basta esconder eles !!!!

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Seja qual for o personagem que você se identifica, lembre-se que é sempre bom ser criança, e ter a esperança de mudar alguma coisa... mesmo que seja o seu modo de pensar!

A Mafalda passa por um jardim e diz:
- Graças a Deus chegou a primavera!

Depois ela ouve um idoso dizendo:
- Graças a Deus cheguei à primavera.

Então ela pensa: "E eu aqui dizendo trivialidades"




Estranho...


É estranho

É estranho querer te mais perto, sendo que já está em mim.

É tão presente nesta sua ausência que relendo as coisas que escrevi percebo que você nunca foi embora.

Esta dificuldade de escrever, o momento da pausa entre o papel e a caneta, não é a minha essência, é a dificuldade de admitir sua singularidade e não saber como descrevê-lo.

Não sei se você é só sorriso, até nos momentos de angustia, se foge do mundo para encontrar a vida, para respirar, para se salvar, para ser um pouco eu; sem você saber.

Ou seria eu tentando ser você... querendo ter você.

É confuso, medonho.

Tanto que chega a ser inaceitável, saber que está tão longe e aqui dentro.
E este sonho doi tanto na vida real.

“Em algum lugar bêbada em 2006”

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cinzas da Quarta-Feira

"Eu só queria poder ver teus olhos,
Ouvir seus ouvidos,
Falar sua boca,
Provar sua língua,
Sentir sua pele..."

O papelzinho amassado que trazia a poesia ainda estava na sua mão quando ela chegou em casa com a fantasia num saco de lixo preto, vestindo camiseta e bermuda nas cores da sua escola.
Ele não apareceu. Já fazia uma semana que ele não aparecia.
Ele prometeu que não faltaria ao desfile. Mas desde que ela contou, ele nunca mais apareceu. Maldito mundo de homens amados, inseguros de serem queridos e covardes quanto às conseqüências.
Ela escreveu pra ele, mas ele nunca leu. Amassou o papel e jogou de volta pra ela. Ele chorou e ela fingiu sorrir.
O desfile foi cansativo. O salto acabou com seu pé, mas nos dias de hoje passista que se preze tinha que usar salto.
A manhã da quarta-feira estava nublada. O dia estava feio e cinza. Ele não apareceu. Tinha vontade de chorar, mas guardou. Sentou-se exausta na escada na frente do portãozinho do germinado onde morava com os pais. Ouviu os passos de sua mãe saindo de casa. Ela estava indo pra missa.

- Bom Dia minha filha, vamos à missa?

- Não mãe, eu estou cansada... acho que só preciso pensar um pouco.

A mãe seguia em passos curtos rumo a igreja que não ficava muito longe dali.
A rua vazia parecia aumentar a dor que ela sentia no peito.
Há 15 dias saiu o exame que confirmou. Ela estava grávida. Ela sabia que era dele. Ele não acreditou.
O vizinho da frente ligou baixinho o som, como fazia toda quarta de cinzas desde que ela era bem pequena. Ele dizia que era pra se despedir do carnaval. Colocava os vinis dos sambas de antigamente.
Como ela iria pagar tudo? Como iria contar para os pais? Ela ainda não tinha nem começado a faculdade.
O choro chegou de vez e rompeu a barreira. O desespero tomava conta dela.
Sentiu uma mão de menina enxugar uma lágrima do seu rosto. Olhou e se viu criança, sorrindo na frente dela. Ela costumava sair esse horário de casa nas quartas de cinzas pra ouvir os sambas de antigamente que vinham do vizinho.

A voz de Chico chamou:

"Ela desatinou,
viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira,
bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando."

A menina que não lembrava a passista de hoje ensaiou passos desajeitados e infantis no meio da rua. Puxou-a pela mão e com uma gargalhada despreocupada rodou pela rua ao som do samba. Ela sentiu com prazer as primeiras gotas da chuva lavarem a maquilagem e rindo dançou consigo mesma. Esqueceu-se por um instante de tudo e como criança sambou.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Free to decide






Um Aaaaaaaaaah bem gigante de desespero!!!

Hoje vai ter show da Dolores O’Riordan (ex-vocalista do Cranberries) lançando o seu primeiro disco solo “Are you Listening?”

Show imperdível para quem tiver disposição e dinheiro, mas para quem é fã isso é o de menos!

Alguém topa fazer rateio comigo?

Mas não, acho que não vou ouvir pessoalmente, resta para mim e para o restante do publico sem money baixar as musicas na Internet.






Então para todos não se sentirem lesados como Eu... E ainda não sabem, (mas um grito, porém de alegria) no Tim Festival, além de Arctic Monkeys, The Killers, Juliette & The Licks, Antony And The Johnsons, Girl Talk, Spank Rock, e Björk teremos a presença de Feist.

Então reservem, economizem o Maximo que puderem, pois este Tim festival vai ser imperdível, e não vai valer a pena ficar sóbrio com tanta agitação assim...

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Metalinguagem


- Que azar, hein seu Júlio?

O copo virou em cima do balcão do Bar do Jorge, que já se ocupou em encher novamente o copo de Júlio.

- Azar? Virar o copo é só o começo, depois só piora. E acaba com "uma grande luz tomou todo o recinto e nunca mais se ouviu falar neles."

- Virge Maria Seu Júlio, que que é isso que você tá falando aí moço?

- O fim Jorge, acabei de ver tudo até o fim. E tem gente que vai achar interessante.

- Credo em cruz Julião, assim você me assusta, que papo mais esquisito!

Júlio nem se levantou, com a cabeça baixa olhando para o fundo do copo recém enchido disse:

- Agora vem a parte que "um bêbado que atrapalhadamente canta o refrão de um samba que poucos lembram, mas traz ao pobre coitado que carrega uma garrafa vazia na mão alguma saudade do tempo em que era mais que um bêbado cantando".

- Pô Júlio! Essa é a saideira, você - no meio da frase gritos de um bêbado que atrapalhadamente canta o refrão de um samba que poucos lembram, mas traz ao pobre coitado que carrega uma garrafa vazia na mão alguma saudade do tempo em que era mais que um bêbado cantando, atrapalham a conversa dos dois - Já bebeu de mais... e acho que eu também!

- Tá tudo escrito Jorge. E eu já disse como tudo acaba. É muito chato isso!

- Escrito aonde?

- No fundo do copo que virou em cima da mesa. Já imaginou se você fizesse parte de uma história que já está escrita?

- Olha... na verdade não. Mas minha mãe sempre me disse que Deus é que escreve o nosso destino.

- Mas nos faz ter a impressão de liberdade.

- É... isso é.

- Só que agora por exemplo é a hora que você espirra.

Jorge espirra.

- Virge! Mas isso só pode ser um dom de Deus rapaz!

- Ou uma maldição. Acho que o futuro se mostrou à pessoa errada, porque nada me anima em saber o que vai acontecer.

- Mas por que não? Tem tanta gente que paga tão caro que prever o futuro...

- Mas já digo pro senhor, é muito melhor ter a impressão de liberdade. Principalmente quando a gente sabe que está numa história curta e ela já está acabando...

- E por que já está acabando?

- Porque é isso que você pergunta antes do barulhão, da gente se levantar, olhar lá fora e fim...

- Ah Julião, melhor você ir - mas Jorge não termina a frase. Um barulho ensurdecedor enche o bar. Assustados eles se levantam e vão até à porta para olhar para fora. Nesse instante uma grande luz tomou todo o recinto e nunca mais se ouviu falar neles.

12 de Outubro


- Só no dia 12 de Outubro!

- Dia das crianças?

- Não, Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, conhece?

- Não é aquela dos pescadores?

- E dos pecadores também!

- Como?

- A Ave Maria, sabe... "Rogai por nós pecadores..."

- Credo, nunca gostei dos santos, eles me dão arrepios...

- É isso que o sagrado costuma fazer... bem, pelo menos costumava.

Adriana sabia que faltava pouco para o dia 12, mas ela não podia mais esperar... e por que tinha que ser no maldito dia 12? E o que a Nossa Senhora tinha a ver com isso?
O pior de tudo é que ele nem era católico!
Tanto tempo juntos e ele continuava misterioso.

- Mas me diz uma coisa, se você nem é católico, por que essa fixação com Nossa Senhora?

- Eu que lhe pergunto por que não?

- Oras, porque os santos são crenças dos católicos. Uma vez um moço falou que os santos não passavam de estátuas de barro!

- Sim, mas são estátuas de barro que são importantes não pelo material que são feitos. Olha por exemplo, essa nota de 50 reais...

- Seu louco, você rasgou ela no meio! Sabia que você era doido, mas não ao ponto de rasgar
dinheiro.

- Mas isso não era só um pedaço de papel?

- Sim, mas é um papel que vale, que você pode trocar por produtos e serviços!

- E por que disso? Já parou pra se perguntar?

- Ah, porque é assim que o dinheiro é, oras!

- É assim porque é convencionado. Porque este pedaço de papel atende padrões físicos que o tornam uma autêntica nota de 50 Reais.

Ela pensou por um instante. Aquilo fazia sentido de fato, mas o que tinha a ver com a Nossa Senhora e o dia 12?

- E a estátua?

- Posso dizer que ela atende o padrão que já tocou milhões de corações. É uma espécie de mãe dos órfãos dessa nação. Orfãos de uma mãe chamada fé.

- Mas você acredita que Maria, mãe de Jesus era santa mesmo?

- Isso eu realmente não sei, mas sei como pequenos pedaços de fé, de cantigas desafinadas, de lágrimas ao pé do altar e rezas baixinhas feitas com joelhos machucados no chão batido fizeram dela algo muito maior que uma estátua achada no rio. É agora um pedaço de cada um desses órfãos que fez dela uma mãe. É difícil aceitar o divino que vem daqueles que não tem mais nada.

- E porque só vai me dar o presente no dia 12?

- Porque se não você nunca iria me perguntar por que. E não precisa ficar triste, depois que eu colar as duas partes da nota com fita, ela vai valer 50 reais do mesmo jeito.

- Eu acho que nunca vou te entender.

E apesar de realmente não entender ela aceitou, e beijou-o. Ele pensou que era uma pena que ela não soubesse que há 15 anos atrás, ele a vira pela primeira vez numa procissão do dia 12 de Outubro.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

BORING?


Grandes sucessos nas décadas de 50 e 60 e imortalizados por Fred Asteire e Gene Kelly, os filmes musicais perderam bastante espaço no mercado mundial nos dias de hoje. Talvez o grande motivo para o abandono desse estilo de filme pelo público seja a falta de naturalidade nas cenas, por exemplo, para a grande maioria não é nada normal uma pessoa cabisbaixa começar a cantar e dançar suas tristezas com coadjuvantes bailarinos dançando a sua volta.

A fuga da realidade e o apelo ao fantasioso existente nos musicais são pontos bastante criticados por muitos cinéfilos que alegam que esses apelos desviam o público absurdamente para fora da realidade, tornando-o alienado e desviando-o dos problemas que realmente teriam importância na sua vida. Mas, será que se deve entender os musicais somente por esse lado maléfico e alienante? Ou seria melhor procurar fazer como o sociólogo E.Morin em seus estudos sobre o cinema e a televisão e participar desse espetáculo para podermos entender qual é o impacto que esse gênero realmente tem na sociedade.

No final do filme A rosa Púrpura do Cairo de Woody Allen a garçonete Cecília acaba abandonada, triste e sem saber o que fazer, tem como última atitude antes que os créditos subam a ida ao cinema para assistir Fred Astaire e Ginger Rogers que dançam ao som de “Cheek to Cheek” de Irving Berlin e aos poucos volta a sorrir, fugindo mais uma vez dos seus problemas da vida real, procurando a saída no estilo de filme musical, saída que muitos procuram e procuraram durante vários anos. Não seria certo atacar essa forma de cinema pelo seu apelo ao fantasioso sem que não entendamos quais funções elas exercem na vida das pessoas.

A grande maioria do público dos musicais os procura já sabendo que são eles irreais, fantasiosos, e que, excluindo-se algumas exceções, não incluirão muitos debates filosófico-existenciais que possam ser usados de maneira prática em suas vidas, mas sim a procura do auge final, o ápice musical e a cena final onde as gruas costumam elevar a câmera para o enquadramento final, esses filmes são procurados porque neles o ruim não acontece.

O melhor exemplo de musical que não se enquadra no padrão hollywoodiano imposto é Dancer In The Dark de Lars Von Trier. Considerado o um dos maiores manipuladores de emoções, Lars Von Trier conseguiu no filme estrelado pela cantora Björk tornar um musical em um dos mais tristes filmes já produzidos. Ao contrário dos musicais padrões, Dancer In The Dark não tem hordas de bailarinos bem treinados, coreografias ensaiadas e nem finais glamourosos dignos de Hollywood, mas sim poucos recursos cinematográficos, pouquíssima maquiagem e musicais pouco trabalhados. Ao contrário do que parece isso não deixa o filme nada pobre, pelo contrário, essa é a intenção do diretor e o charme do filme.

Gravado totalmente com câmeras digitais, aproximadamente 100, as relações humanas tratadas no filme ficam muito mais próximas da realidade, aliás, a geração pós-moderna assiste a si mesma reproduzida em megapixels em suas telas de LCD. As cenas desfocadas, as cores frias e o balançar da câmera fazem com que o expectador tenha a impressão de estar presenciando um noticiário sensacionalista, ou até mesmo um reality show daqueles de domingo a noite. Lars também ao se apossar totalmente do uso das câmeras digitais cria um diálogo tanto com as grandes empresas cinematográficas quanto com os expectadores sobre o quão possível é criar um bom filme se apoderando dos meios tecnológicos existentes sem que sejam necessários bilhões de dólares em investimento para que um filme de qualidade seja produzido.

Outra magnífica realização de Lars Von Trier durante Dancer In The Dark são os momentos onde realmente ocorrem os musicais, esses são os únicos momentos onde os tons frios são abandonados e engolidos pelos tons quentes, fazendo com que os expectadores lembrem que aquilo não é a vida real, a vida real de Selma (Björk) é muito mais fria que aquilo, e que todas aquelas canções e danças estão apenas dentro da imaginação da protagonista, ao contrário do que se vê nos clássicos musicais onde quando há canções tudo é real e acontece mesmo. Essa técnica relembra sempre aos olhos do observador, que apesar de ser um filme e que tudo nele possa acontecer, nem tudo é realidade, fazendo assim com que o expectador possa dialogar interiormente sobre o que seria melhor assistir, a realidade difícil, feia e crua, mesmo que ela seja a verdadeira, ou uma história totalmente fantasiosa e bela, convidativa e até mesmo anestesiante, embora nada daquilo possa ser levado a sério.

Por fim vale lembrar a questão da cegueira bem tratada no filme, mas não simplesmente como uma mazela que afeta os olhos de algumas pessoas, mas como uma sina que pode perdurar por gerações se nenhum sacrifício for feito. Será que a geração dos reality shows não está cega ou ficando cega para a realidade e o pior de tudo, sem se importar com a futura geração que herdará nossa cegueira se nada for feito? Cegueira essa cultural, política, entorpecente das mentes da pós-modernidade que não mais se preocupam com os problemas reais e sim com o que farão para prazer próprio de suas vidas repetitivas de operários do sistema consumista.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Balcão de Dúvidas e Sugestões

Elza se sentia perdida no aeroporto e viu a placa que dizia "Balcão de Dúvidas e Sugestões".
Se dirige à pequena bancada branca encontrando atrás dela uma velhinha de óculos redondos.Sentindo-se mais segura ela pergunta para a velhinha:

- Com licença, a senhora pode me ajudar?"

A velhinha responde:
- Espero que sim minha filha, se bem que as pessoas hoje em dia preferem o balcão de certezas...

- Olha, eu tenho um vôo, mas não sei que horas ele parte. - ela disse.

- E pra onde você quer ir?

- Para Bostom.

- Não não minha filha, não perguntei pra onde você tem que ir, mas sim pra onde você quer ir...
O que você acha de Florianópolis?

- Olha, eu só quero saber... - a jovem começou a retrucar, mas lembrou-se de Florianópolis, lembrou-se da sua mãe... já fazia anos que elas não se falavam, desde que ela decidiu ir para São Paulo fazer faculdade - como você sabe?

- Não sei, só te dei uma sugestão e uma dúvida...

- Que tipo de brincadeira é essa? Esse atendimento está cada vez pior! Tudo culpa do governo e da crise aérea...

- Acho que por piores que sejam os problemas na China, os nossos problemas internos são sempre maiores.

Elza agora estava perplexa. Por que diabos aquela velhinha estava dizendo aquilo...
- Mas que diabos você está dizendo?

- Oras, você veio no balcão de dúvidas e sugestões, e é exatamento o que eu estou te oferecendo. E você há de concordar comigo que você precisa ir pra Boston, mas bem que queria ir pra Florianópolis...

- Ah, mas na vida nem sempre podemos fazer o que a gente quer fazer.

- Mas com certeza sua mãe quer te ver... ela morre de medo de algo acontecer com você.

- Eu sei, mas já comprei a passagem pra Boston e preciso me apressar se não vou perder dinheiro!

- É o preço da saudade.

- É o mundo moderno.

- Mas as mães continuam a amar como antigamente...

Aquilo não era justo. Ela passou 5 anos de faculdade mais dois anos de especialização ignorando a última briga. As ofensas, o empréstimo e a saída às pressas.Agora ela tinha vencido na vida, o passado já tinha sido enterrado...

- Já já quem vai ser enterrada é ela, ou você acha que ela viverá pra sempre?

- Mas... mas... a empresa em Boston...

- Algumas oportunidades são mais importantes que as outras.

- Mas tem o contrato...

- Você sabe que cada decisão que você toma muda pra sempre não só a sua vida, como o mundo todo...

- Você me deixa confusa!

- Você que procurou as dúvidas e sugestões... por isso que as pessoas preferem as certezas.

- Quando sai o vôo pra Florianópolis?

- Sai às treze horas do portão doze. De lá sai um vôo pra Nova Iorque amanhã às oito e meia com integração para Bostom. Tenha uma boa viagem e uma ótima vida. Nos vemos daqui a muitos anos no espelho. Mande lembranças para a minha mãe, porque quando eu tive que escolher, escolhi errado e fiquei sabendo que ela morreu só quando cheguei em Bostom.

Be Happy ...


Esqueçamos esta historia que ninguém te traz felicidade, pois traz sim, mesmo que não seja eterno, mesmo que não dure o tempo suficientemente que gostaria. As pessoas têm o dom te de fazer feliz e aceite isso.

Se você aceita na dor que elas te causam, no sofrimento que te proporcionam, por que não admitir que teu sorriso tem um nome, um endereço, que tua paz tem uma voz suave, e conversas que só vocês conseguem entender.

Inventam lugares, desenham segredos, falam em silêncio, riem do acaso, se entregam ao colo, ao olhar, ao abraço.

Que você sozinho muitas vezes não consegue ser ninguém, e quer superar isso se mostrando auto-suficiente com seus livros, sua tv, sua musica quase suicida, contas a pagar, problemas para resolver, trabalho, rotina...

Quem te tira de tudo isso? Quem te acolhe, lhe dá proteção, abrigo?
Sua família, teus amigos, seu namorado.

Admita que existem pessoas que te fazem melhor, que te fazem sentir e ouvir o mundo.
Veja que tem gente que desperta a criança adormecida em você, o adulto frágil que precisa ser amado e carregado no colo de uma maneira mais inusitada, mais atrevida.

Não seja chato consigo, deixe de lado esse jeito ranzinza amargurado pela sabedoria, pelas informações, volte a ser humano, se entregue de corpo e alma sempre que der...
E faça das pessoas à sua volta pessoas melhores, mostrando-as a importância que tem.


[No meu céu tem uma lua matadora que não vai embora, olhos estrelados de verde escuro com a sabedoria xamanica, onde passeia livre um peixe-leão que abençoa a fada madrinha reluzente de dourados fios de cabelos.

Neste céu tem uma dama com covinhas a sorrir gargalhando das minhas travessuras.
Tem o senhor do mal que costuma ser bonzinho até demais.

Esse céu tem meu sangue em forma de gente pequena e de gente velha, um céu de dna.

Tem o cavaleiro alado que faz do crepúsculo uma balada, que não me deixa viver na solidão, que me tira a mascara da tristeza, e de repente de mim sai purpurina e nem eu me conheço mais.

Neste céu existem os finais de semana de pura entrega, de pura paixão e depois de saudade.

E não troco a vista deste céu mágico e encantado desenhado por mim mesma por nada que venha a ser descoberto nesta via-láctea].
Ao meus companheiros que aceitam viver a bordo da minha loucura já tão transbordada.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Os Simpsons estão para nós assim como Bob Esponja para Scotch-Brite?

Aos desavisados: não tentem entender esse texto, pois é um ode ao non-sense.

A arte pela arte é defendida há muito tempo, mas a arte pelo dinheiro jamais saiu de moda. Explicações mil existem e justificativas nunca faltaram.
Mas sejamos realistas: Nada melhor que uma boa desculpa para nos portarmos como crianças (e acho que nada é mais terapêutico).
Eu não quero dizer que a arte pela arte seja infantil, muito pelo contrário.
Quando somos crianças, queremos sempre saber o porquê das coisas, e quando não sabemos, inventamos o nosso próprio porquê.Da arte de inventar porquês surgiram várias ciências. Até que alguém teve a idéia de finalmente ignorar justificativas e significados.
Nos preocupamos tanto tempo em entender por que algo é belo, que esquecemos de achar a beleza das coisas.
E então veio o pagamento pelos porquês e pela beleza. E agora as idiotices e suas justificativas geravam renda.
Máquinas de cocô que produzem caríssimas latinhas de cocô sintético é arte pela arte. Agora vale tudo.
Até linhas meio desconexas a respeito do non-sense podem ser consideradas por alguém como arte!
O inexplicável e o misterioso cada vez mais ganham atenção, levando à mente as dúvidas que geram a busca dos porquês.
E o mais legal é que nem precisa ter um porquê original.
Você pode até achar tudo isso uma grande idiotice, mas enquanto artístas e cientistas enchem a burra de dinheiro e o ego de elogios (reais ou inventados), eu me encho de dúvidas e porquês, e quem sabe assim curto mais a vida curta!

Metade




Isso vai ser meu hino durante muito tempo!




Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio


Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.


Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza


Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.


Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo


Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
E a outra metade um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância


Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei


Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço


Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é a canção


E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

(Oswaldo montenegro)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Terra do Ostracismo


Quando ele fechou os olhos derramando uma lágrima de saudade de si mesmo o sol nascia.
Quando abriu os olhos o sol se punha sobre a terra seca, como seus olhos. Tudo lhe parecia estranho e ao mesmo tempo saudoso. À sua frente viu uma porta com uma placa que indicava o local onde ele estava com letras grandes e mal-escritas que diziam "BEM VINDO AO PAÍS DO OSTRACISMO".
Ele não sabia bem o que havia acontecido nem onde diabos estava. O que era mesmo que ele procurava?
Bom, ele sabia que faltava alguma coisa, mas sua mente não conseguia se lembrar exatamente o que. Este deveria ser um dos efeitos de estar na terra do ostracismo.
Essa sensação incômoda o acompanhou até a porta. Era uma porta de madeira que não tinha verniz e parecia que iria se partir a qualquer momento.
Chegando à porta testou a maçaneta enferrujada e pra sua surpresa a porta estava trancada.
"Por que diabos alguém trancaria a porta do Ostracismo?", se perguntou em voz baixa. Ele pensou por um momento em tentar achar um caminho pra voltar, mas ele sabia que ele que tinha decidido estar ali, e mesmo que quisesse ele não se lembrava mais de onde viera, o que tornava impossível voltar.
Procurou tranqüilamente nos bolsos por qualquer coisa no que parecesse com uma chave.
Qual não foi sua surpresa ao encontrar um pedaço de metal que trazia gravado a palavra "Indiferença".
Tudo se fez claro então. Ele sabia desde o principio que a chave da indiferença o levara ao esquecimento, ainda que não fizesse idéia do que deixou do outro lado.
Calmamente colocou a chave na fechadura e girou. A impressão que teve é a de que ele se abria ao invés da porta e era levado para algum lugar dentro dele.Recolheu-se e acolheu dentro de si, portando a chave da indiferença a Terra do Ostracismo que é pra onde vão as coisas esquecidas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Escreveu, não leu...


Vivemos num mundo de pessoas que não sabem ler.
Isso pode até parecer estranho de um veículo de mídia escrita, mas é uma grande verdade. Não falo de pessoas que realmente não conseguem decifrar os símbolos da escrita, mas sim das pessoas que não conseguem decifrar os pensamentos por trás da escrita.
Me lembro de quando aprendi a ler. Não quando me ensinaram as letras e o Be-A-Bá. Eu digo de quando eu realmente li algo e entendi. Um livro que me fez sentir dentro da história.
Por volta dos meus dez anos ganhei da minhã irmã um exemplar de A Ilha do Tesouro de Louis Stevenson. Era um livro já antigo, exemplar de professor.
Num primeiro momento deixei ele de lado e voltei minha atenção pra outras coisas que eu julgava mais importantes.Não que eu nunca tivesse lido até lá. Li várias coisas e lia de tudo. Tinha até ensaiado o que eles chamavam na minha igreja de ano bíblico juvenil (mas ler a Bíblia inteira, ou quase isso era realmente de mais pra alguém que não sabia ler - e pensar que centenas de pessoas hoje lêem a Bíblia sem saber ler.), mas nunca tinha lido algo "de verdade".Comecei a ler A Ilha do Tesouro no caminho pra praia. Acho que o cheiro do mar me inspirou de forma que eu conseguia me sentir participante da história.
Todos aqueles barcos, e o forte, e as batalhas. Li num dia só, como se existisse algum tipo de feitiço no livro. Li tão vorazmente que me esqueci da praia, do sol e até que estava com fome. As palavras me alimentaram.
Quando terminei de ler, sonhei em um dia escrever coisas legais como aquela.
Depois de Stevenson foi um caminho sem volta por entre Dostoiévskis e Kafkas.
Minha fome por palavras era tão grande que lia qualquer besteira que encontrava. Finalmente conseguia ler a Bíblia e entender.E aí as palavras vieram até mim. Percebi a linguagem escrita usada para comunicação.
Através da leitura me veio a escrita. Eu lia e pensava. Agora podia pensar e escrever, para que outros lessem e pensassem.Aos poucos comecei a esboçar. Percebi que quanto mais eu lia, mais eu conseguia escrever. Era como se eu me alimentasse e digerisse. E do alimento obtivesse a energia para poder produzir alimento.
Não sou nem a unha do dedo mindinho do pé esquerdo de Stevenson. Ainda muitas coisas me são desconhecidas, e acabo no fim escrevendo mais sobre as dúvidas no caminnho do esclarecimento que sobre as conclusões que por ventura eu acabo chegando (mesmo porque as conclusões são perigosas).
Mas escrever e ler é um prazer, às vezes maior para quem escreve e às vezes maior para quem lê. Mas só quem escreve e lê sabe como é...

Toda mulher é a amante lésbica de si mesma. *

Ainda meio entorpecida pelo sono, virei de lado. Abri os olhos muito devagar e sem vontade. Estava escuro, mas não tão escuro a ponto de esconder uma silhueta. E a silhueta estava lá, imóvel, recebendo aquela luz meio azul, fraca e mal proporcionada.
Ela estava sentada à beira da cama, com as costas completamente nuas, os cabelos presos e desalinhados, intencionalmente revelando aquela nudez, com uma postura segura de bailarina. Todas as vértebras pareciam estar em seu devido lugar. Não soube ao certo se a nudez existia também abaixo da linha da cintura. Minhas atenções não estavam voltadas para mais nada que aquele inverso do frontal. Inverso, mas revelador. Revelava muito mais que qualquer expressão facial, porque eu percebia apenas o que queria ver. Daqueles cabelos tão familiares que normalmente nunca são presos. Aquele pescoço meio desconhecido que se oferecia tão acessível e sem pudores. Os ombros retos e tensos, contrastando com os braços inexplicavelmente relaxados.
A luz me permitia ver por inteiro a pele daquelas costas, que embrulhavam as linhas da carne e dos ossos, da cintura que parecia mais fina do que eu me lembrava. O início dos quadris, que ao atraírem meu olhar, logo me faziam voltar a olhar pra cima. E ver de novo os cabelos com aquele penteado diferente, que me davam permissão pra captar inteiramente aquela cena. E esquecer de mim para olhar aquela silhueta.
Contemplativa e encantada que estava, quase não percebi que minha mão direita se moveu meio involuntariamente em direção àquelas costas. E sabendo exatamente o que fazer naquele momento, apesar da ânsia de querer mais, foi seguindo muito lenta e cuidadosa para tocar suavemente e se permitir experimentar aquela cena com um outro sentido que não apenas a visão.
E de repente, lá estava eu, de longe, olhando pra mim tocando as minhas costas e achando que dessa vez sim, eu estava me apaixonando por mim mesma, sem nenhuma projeção intermediária.
* Frase de Nelson Rodrigues adaptada.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

BORN TO LOSE MY FAVORITE JUNKIE







Quem nunca se sentiu um derrotado, Loser !

Principalmente aos sábados depois de acordar de uma ressaca fenomenal, se perguntando aonde estou? Esse é meu quarto?

Pior. Imagine acordar assim sem ter bebido, vixe fim carreira...

Mais independente da forma não tenha medo, se jogue definitivamente no fundo do poço.
E cante Born to lose, com uns dos maiores Losers do mundo, Johnny Thunders.

E para você um bom sábado, pois hoje é dia do não pensar, não viver a vida corretamente.

[Johnny Thunders nasceu em 15 de Julho de 1952 em NEW YORK, participou da banda pre-punk New york dolls, Johnny Thunders & The Heartbreakers, Gang War, Conheceu Sid Vicious e com ele tocou em uma banda chamada Living Dead, fez covers de R&B com a vocalista Patti Palladin.

Conheceu Dee Dee Ramone e com ele pretendia montar uma banda, chegaram a fazer alguns ensaios e tentaram gravar um album, porém Johnny Thunders estava com problemas com Heroína e chegou a roubar um casaco de Dee Dee, que revoltado arrebentou com a guitarra de Thunders o qual era seu único bem e o projeto da banda acabou.
Thunders morreu de overdose de metadona em Nova Orleans, Louisiana em 1991.]

Cante e dance BORN TO LOSE mate um pouco a sua prepotência!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Quando a Caneta Broxa



Dizem que é a obrigação. Tudo que se faz por obrigação é assim...Você olha para o amor da sua vida à sua frente, e com a cabeça cheia de idéias investe.

Mas falta o tesão... e aí... aí a caneta broxa.

É difícil fazer qualquer coisa sem tesão. Mas escrever é praticamente impossível!

É preciso ter a pena em riste para encarar o braco do papel.

Você pode até dizer que estamos na era da modernidade e que pouco se usa a caneta. Mas eu falo de uma caneta metafórica. Do símbolo fálico que tem o poder de imortalizar pensamentos.

Quando a caneta broxa nem tem nem como dar a desculpa de que "isso nunca me aconteceu antes", afinal todos que escrevem já sucumbiram pelo menos uma vez ao branco do papel (e não me venha com essa história de "eu nunca falhei!").

O coito literário é impiedoso. Se a caneta brocha, o papel (contraparte feminina) vai zombar sem reservas da sua falha. E não tem pílula azul que resolva.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

NÃO DÁ TEMPO!



Tempo quer tempo...
Tempo... Queria ter um relógio de 48 horas, para dormir mais, descansar
Para fazer mais coisas...

O que fazemos com o tempo?
Se tempo requer tanta coisa, trabalho, estudos, musica, amigos, família, casa, balada...
Tempo exigente que quer tanta coisa ao mesmo tempo.
Tempo requer informação, mais qual o tempo certo para isso?

Tempos de meninos, de meninas, que são tempos diferentes
De idade, dos 15, das liras do 20, dos trinta...
Tempo para saber qual é o tempo certo de se acertar na vida...
E esse tempo nunca chega.

O tempo é tão confuso, as vezes chove, as vezes passa e ninguém percebe...
De qual tempo falar? Que tempo é esse?
Tempo de guerra, de paz, de chorar, tempo de fazer acontecer...
Tempo perdido, se nem ao menos temos tempo para perder.

Confuso, dispersa, nas horas, nos dias, nos anos, nas paisagens, nas roupas, amizades, nos espelho e nos gostos, fora os desgostos acumulado com o tempo...

Há tempos que queria te enterrar, pois te acho tão confuso, tão bruto!
Hoje por exemplo não tenho tempo de nada, mas resolvi falar de ti, só para ver se te esqueço...
Mas não adianta, só vou ter tempo o suficiente quando eu morrer...

Not enough

The time is not enough.
The inspiration is not enough.
The distance is not enough.
The missing is not enough.
The money is not enough.
The empty eyes are not enough.
The knowledge is not enough.
The loneliness is not enough.
The touch is not enough.
The words are not enough.
The patience is not enough.
The food is not enough.
The will is not enough.
The feelings are not enough.
Even the longing is not enough.

She feels so weary sometimes…

Sonho Ruim


Ela estava atrasada.
Onde estava a sua roupa e por que ela não acordou mais cedo?
Corria de um lado pra outro e não conseguia achar nada do que queria. Vestiu-se simples, o mais rápido que pode e sem comer nada saiu de casa.
Onde diabos ela estava? Parecia com a sua casa mas era um lugar distinto. Ela sabia que ainda estava atrasada.
Pega um ônibus que ela sabia que iria para o seu trabalho, mas sem ter certeza disso. Apreensiva olha em volta. Não conhece ninguém.
As pessoas estranhamente não olham para o seu rosto. Na verdade elas só olham pra baixo. Não há cobrador nem catraca.
Desesperada dá sinal para descer, e imediatamente o ônibus para. "Como quer chegar em algum lugar, se você nem sabe onde está!" Ouve alguém gritar, mas não vê o rosto do sujeito.
Olha o relógio, mas não consegue ver as horas. No entanto ela sabe que está atrasada.
A porta abre e ela desce. O lugar é escuro e estranho. Uma planície, a única luz, fraca, vem de algum lugar que ela não consegue localizar. Sente frio. Sente saudades. Sente medo.
Mas não sabe do que tem medo nem de quem tem saudades.
Desesperada senta no chão chorando como uma criança.
No meio do choro sente uma mão em seu ombro. Lembra-se da palavra lar.
Ouve uma voz lhe dizer "Amor, eu estou aqui. É só um sonho ruim."
Abre os olhos. Ele disse que iria embora mas ainda está deitado do seu lado. Respirando fundo olha as horas. 3:30 da manhã. Ainda é cedo.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Iê Iê Iê ...




Podem acreditar Lovely Creature (Cris) ficou doente...


Viajou para um lugar distante e até agora não voltou ... E não quer voltar, tudo isso começou no Domingo, após escutar Martinha, conhecida como queijinho de Minas (apelido dado pelo o Rei), foi fazer almoço depois das 10 e não voltou, lembrou-se do tempo da calça boca-de-sino(fudeu) ...

Daquelas manhãs que pertenciam aos campeonatos de vitrola com os vizinhos, com direito ao sol manso ainda frio adentrando a janela, café da manhã com um tom colorido, família tipo comercial de margarina, com seus irmãos ou primos gritando, suas irmãs e primas dançando freneticamente num tapete quase cor de marrom na sala, usando rabo de cavalo ou chiquinhas...

Escutando inocentemente :

“Deixa essa boneca, faça me o favor

Deixe isso tudo e vem brincar de amorDe amor, ê ê êi, de amor”

Os rapazes amavam mais que hoje??? ( isso foi um devaneio, um pensamento que não deveria estar aqui, melhor dizendo é uma mensagem subliminar)


Eu odeio sentir saudades de um tempo que seria impossível nascer, e pior não existe nem explicação para esta saudade, nem se falássemos de vidas passadas.

Somente no período de 100 anos já teria que ter morrido umas cinco vezes e ressuscitado linda e bela com lembranças subconscientes sobre as experiências magníficas, psicodélicas e selvagens, revolucionarias, amorosas, musicais e teatrais...


Não sei se foi o tempo... Ou o cupido que não me deixa em paz...
Mas tem alguma coisa doendo profundamente....

Futepolítica



Um dia acordei e estava estampado em todos os jornais. O futebol tomou o poder!
Tentamos a família e não funcionou. Tentamos a religião e não funcionou. Fomos para a ditadura e não funcionou. Corremos para os partidos, mas também não funcionou. Apelamos aos sindicatos e depois às empresas. Nova falha.
Nos restou a expressão máxima e imutável da brasilidade. O sete de setembro não, porque o grito já virou sussurro faz tempo. Podia até ser o carnaval, mas como o outro símbolo nacional, a caipirinha, anulava qualquer chance de planejamento, este ficou fora de cogitação.
Sobrou o futebol. Nada despertava maior paixão. Nada fazia os sentidos ficarem mais despertos. Nada unia mais as famílias e vizinhos (e também separava). Colocava o país inteiro sob suas cores e fazia de cada cidadão um especialista no assunto.
É claro que havia aquela minoria que não entendia nada do assunto. Mas pela primeira vez a massa dominava o conhecimento. Sabiam de estratégia e tática. Eram milhões de pessoas engajadas.
Ao invés das fatídicas eleições, o campeonato brasleiro. Cada um levaria para a urna, agora o estádio, as cores do seu partido, agora chamado de time.
E uma vez a cada quatro anos todo o poderio militar da nação iria para o seu maior desafio. A guerra da copa do mundo.
Nas escolas dezenas de milhões de alunos em formação. O país teria milhões de catedráticos, antes chamados de craques. As crianças passariam o tempo livre "estudando", até mesmo quando jogavam video-game.
Agora nossa fonte principal de renda seria a exportação de jogadores. A máxima da campanha de Bronco para presidência finalmente seria seguida! "Vamos plantar mais grama para que possam nascer mais craques!"
Se houvesse corrupção, a própria torcida, quer dizer, o povo, iria reclamar na porta dos dirigentes.
Os estádios então seriam o veredito sobre aprovação ou não.
A fidelidade ao país seria inabalável. Conheço sujeitos que deixaram a família, a religião, o trabalho, o partido, mas jamais deixaram a camisa de seu clube!
Feliz, como bom cidadão de um país onde o futebol manda, ponho a camisa e vou ao estádio, mas quando chego lá o que vejo são 50 marmanjos "partidários" se pegando na porrada, um futebol de quinta no campo enquanto um cartola conta dinheiro na sede do clube. Nas casas as pessoas vêem tudo pela televisão.
Respiro fundo e penso "não adianta, por aqui nada muda".