quinta-feira, 13 de setembro de 2007





"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

(Ruy Barbosa)

Vou comprar uma camiseta, Cansei, cansamos, basta, chega, brasil é a puta que pariu, sou Brasileira e estou desistindo quase sempre, as mães dos politicos pagam o aluguel com o cu, uma mulher só comete esses três erros uma unica vez na vida:

Usar calça branca quando esta de Chico.
Permitir que um homem mecha no seu diário.
Votar no PT.

Não, não estou indignada!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

O Fruto do Futuro - O cordel, a semente e os peixes.

O Fruto do Futuro:
I - O Primeiro
II - O cordel, a semente e os peixes.


- Venha, chega mais. É só um real o cordel. É barato e é bonito.

Mal tinha amanhecido, andava com a cabeça ainda às voltas e o grito do vendedor chamou minha atenção.
Era uma daquelas feiras de artesanato do nordeste. Uma banca de pano azul trazia muitos aquarios pequeninos com diversos peixes de todos os tipo e cores e pendurados na barraca vários cordéis.
Senti o formigamento. Era a mesma sensação da conversa da noite anterior.
Fui até à barraca. Percebi que as pesoas só perguntavam dos peixes, apesar dele estar anunciando o cordel.


- Bom dia meu rapaz. É bom saber que mais um veio pegar o cordel.

- Bom dia. Qual o seu nome?

- Sou Severino ou Raimundo, Cícero ou Genivaldo, sou paraíba e bahiano, cabeça chata e desgraçado. Sou migrante e invasor, refugiado e trabalhador. Já fui da roça e hoje sou camelô. Devoto de Nossa Senhora e do Nosso Senhor. Ela me vale e Ele me tem amor.

Na cabeça trazia o chapéu imortalizado nas figuras dos cangaceiros e de Luiz de Gonzaga. Os traços do rosto traziam as arguras da vida, mas o sorriso trazia a alegria de quem sobrevive apesar de tudo.

- Então o senhor também já viu. Falaste com o primeiro? Ele lhe deu a semente?

- Sim, falei com ele. Estranho... eu não tinha planos de vir aqui. Na verdade nem sei porque vim.

- Mas veio, e isso é o importante - estar sempre no caminho certo. Tu sabe que não tem porque se avexá nem se aperreá. A partir de hoje não é o senhor que escolhe o caminho e sim o caminho que escolhe o senhor.

Estendendo a mão me entregou um cordel. Um peixe azul. Dentro um pequeno texto parecia uma instrução.

"Na terra vermelha ela não nasce
Só na roxa pode brotar
Água ele dispensa
Mas a luz não pode faltar
Plantado no sol ele deve
Pra na lua germinar
O fruto temporão não tarda
Só não vá dele fartar
Qualquer pode comer
mas só você ele vai iluminar."

Como por instinto aperto a semente no meu bolso.

- Isso mesmo bichinho. Tu precisa de terra roxa. O caminho pra ela se mostrará. Até o fruto é tudo estranho, mas tranqüilo. Depois que as coisas tomam forma fica perigoso. Se cuida rapaz! E esse cordel é brinde.

O dia me brindou com os seus primeiros raios. Uma borboleta pousou na minha mão e sumiu.