quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

No Ônibus




O ônibus passa perto do rapaz no chão, agora separado da moto que já está um tanto quanto distante.
Em pé uma mulher chorando fala ao telefone.
Que saberá o rapaz da dor do choro da mulher que nada sabe da dor do rapaz no chão?

O amigo ampara a cabeça do rapaz com a sua própria cabeça erguida procurando entre os prédios a ambulância que virá da rua.
O motorista guia a ambulância precisamente entre os carros numa pressa imprecisa.
Que saberá o motorista da procura do rapaz que nada sabe da pressa da ambulância?

As pessoas ao meu redor, passageiros cheios de curiosa compaixão, olham sem nada poder fazer. Apreciam o tétrico espetáculo de dor, choro e esperança.
A moça ao meu lado, sem dor, choro, esperança, curiosidade nem compaixão apenas dorme e o ônibus segue viagem.

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